Por décadas, os videoclipes foram um componente essencial na estratégia de marketing da maioria dos artistas. Fãs de pop, por exemplo, podem facilmente listar os clipes mais icônicos de seus cantores favoritos.
No entanto, o mercado está evoluindo, e alguns artistas já não consideram os videoclipes indispensáveis.
Recentemente, vários artistas de destaque discutiram publicamente as novas formas de consumo de videoclipes, levantando um debate importante.
Segundo eles, incluir a produção de videoclipes nos planos estratégicos pode não ser tão lucrativo quanto foi no auge do YouTube, nos anos 2010.
O Desafio da “Não Entrega”
Profissionais da música e do audiovisual têm observado que o YouTube não promove mais os videoclipes com a mesma eficácia, resultando em um alcance menor. Isso leva a menos visualizações e, consequentemente, a um impacto e monetização reduzidas.
Mesmo durante o auge do YouTube, artistas e criadores precisavam utilizar títulos atraentes, promover intensamente seus canais e solicitar aos seguidores que ativassem as notificações para garantir visualizações.
Hoje, no entanto, a situação parece mais grave, e muitos artistas e profissionais do audiovisual notam uma queda significativa nos resultados.
Isso tem levado à busca por alternativas, como os visualizers, que são mais simples e econômicos. Além disso, muitos estão optando por postar seus clipes ou conteúdos na íntegra em plataformas como Instagram e TikTok.
A Visão dos Artistas
“Hoje tem o visualizer, uma coisa que é mais palatável. Vamos combinar que a plataforma não está entregando, nem com os artistas, nem com os próprios youtubers, blogueiras, vloggers. Todo mundo aí dando seus pulos e migrando para outras redes. Não tem como negar que teve esse impacto. Então a gente tem que trabalhar de acordo com a demanda.
Mas os visualizers estão incríveis, quando eu achar que tem a necessidade de fazer um clipe, eu faço um clipe, senão, não.”, disse Pabllo Vittar durante uma entrevista.
DUDA BEAT é outra artista que reconhece o impacto negativo do momento atual da plataforma em sua arte. Para o álbum “Te Amo Lá Fora”, de 2021, ela produziu videoclipes elaborados para as faixas “Nem Um Pouquinho” e “Tocar Você”, mas os fãs ainda apontam que esses projetos não receberam a devida atenção e visualizações.
Beyoncé, outra artista, que há anos não prioriza os videoclipes em suas estratégias de lançamento. Será que a popstar, dona de um dos primeiros virais da plataforma, desistiu de produzir por conta do modelo de negócios do YouTube?
De acordo com suas últimas ações, é possível perceber que Beyoncé prefere negociar seus visuais com várias plataformas, conseguindo assim orçamentos mais interessantes do que uma gravadora poderia oferecer.
Levando em consideração que o YouTube só paga de acordo com o alcance do clipe, Beyoncé usa seu canal para distribuir apenas conteúdos promocionais como lyric videos, teasers e BTS (behind-the-scenes). Nada além disso.
Gaby Amarantos traz uma visão mais otimista, vendo os videoclipes como um “legado”. A cantora acredita que o que vale mesmo é olhar para trás e ver que entregou obras coesas, que tocaram o público e enriqueceram sua videografia e sua carreira.
Mas ainda vale a pena lançar videoclipes?
Com essas diferentes opiniões, surge a pergunta: ainda vale a pena lançar videoclipes? A resposta depende dos objetivos e expectativas de cada artista.
Para alguns, os videoclipes continuam sendo uma forma importante de expressão artística e conexão com os fãs. Para outros, explorar novas formas de conteúdo audiovisual pode ser mais vantajoso, considerando as mudanças no consumo.
O essencial é que os artistas tenham clareza sobre suas estratégias e se adaptem às novas realidades do mercado musical, seja mantendo a tradição dos videoclipes ou inovando com novas formas de apresentação visual. Afinal, a música, em sua essência, sempre encontrará maneiras de se conectar com o público.
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